A morte de um Papa não é um evento qualquer. Trata-se de uma perda que reverbera por todo o mundo, não apenas no contexto religioso, mas também na política e nas relações internacionais. Mas, engraçado que em um momento de grande comoção global, a TV Record simplesmente ignorou o ocorrido com uma cobertura pífia, factual, irrelevante. Não estamos falando de uma falha comum de cobertura, mas de uma escolha editorial guiada por interesses bem específicos, que não refletem a importância real do evento.
A Record e um passado de grandeza
A Record já foi, em muitos momentos, uma emissora de grande destaque. Ao longo dos anos, chegou a desafiar a liderança da Globo, conquistando audiência e atraiu grandes nomes, como Xuxa Meneghel, Gugu Liberato, César Filho, e até Sabrina Sato, no auge do Pânico na TV. Produziu novelas que, mesmo com seus altos e baixos, conquistaram uma base fiel de telespectadores. Mas hoje? Bem, hoje a emissora se vê refém de um formato que a faz encolher diante das questões que realmente importam, como a cobertura de um acontecimento tão significativo como a morte de um Papa. (aliás, um Senhor Papa, convenhamos!)
De onde vem boa parte do dinheiro da Record?
A relação entre a TV Record e a Igreja Universal do Reino de Deus não é segredo para ninguém. O império midiático de Edir Macedo, dono da emissora, tem grande parte de sua sustentação financeira vinda da igreja, que, como se sabe, não paga impostos (eita, né?). Essa relação, que já gerou várias polêmicas ao longo dos anos, é a chave para entender a cobertura (ou a falta dela) de temas que envolvem outras religiões, como o catolicismo.
A morte de um Papa, uma figura de importância mundial, é deixada de lado não por uma questão jornalística, mas por um simples reflexo da política interna da emissora, onde o peso das decisões de um líder religioso se sobrepõe ao bom jornalismo.
A Influência de Edir Macedo
Edir Macedo não é católico e sua visão de mundo certamente influencia o posicionamento da Record em temas relacionados à Igreja Católica. Isso fica claro quando vemos a morte de um Papa, chefe de Estado e líder espiritual de milhões de pessoas, ser ignorada pela emissora. Papa Francisco, que sempre se mostrou um defensor do ecumenismo e da união entre as religiões, merece uma despedida à altura de sua importância. Mas, em vez disso, o acontecimento foi minimizado, talvez por uma postura pessoal do próprio Bispo Macedo, que, ao que parece, tem dificuldades em lidar com questões que envolvem outras crenças. Isso reflete a falta de independência editorial da emissora, que se curva a interesses muito além da informação (ou seria aquém?).
Jornalismo não é religioso, nem cá, nem lá!
O conceito de ‘agenda setting’ no jornalismo trata da capacidade dos veículos de comunicação de definir o que é importante. Ou seja, a mídia tem o poder de escolher quais eventos ou temas merecem ser discutidos e quais devem ser silenciados. Por isso, a importância da formação na área – algo que o Bispo Macedo obviamente não tem.
A Record, ao decidir não dar a devida atenção à morte de um Papa, está ignorando uma questão que deveria ter sido uma das mais debatidas em sua programação. Isso não é apenas uma falha, mas uma escolha deliberada de priorizar outras questões, deixando de lado um evento de importância mundial e histórica. A missão do jornalismo é justamente informar e dar destaque ao que realmente importa para a sociedade, e não servir aos interesses de quem controla o capital por trás do veículo.
Poderia ser um bom jornalismo!
É inegável que a Record tem uma estrutura forte, com capacidade de produzir conteúdo de alta qualidade. A emissora já demonstrou várias vezes que possui um enorme potencial. Contudo, a falta de independência em relação à Igreja Universal do Reino de Deus limita suas possibilidades.
A verdadeira força do jornalismo está na liberdade editorial, na capacidade de fazer escolhas baseadas no interesse público e não em interesses religiosos ou financeiros. Até que a Record consiga se desvincular dessa relação, sua jornada será de sombras e luzes, com excelentes produções que, muitas vezes, são ofuscadas por escolhas editoriais que não condizem com o que deveria ser a missão do jornalismo: informar com imparcialidade e responsabilidade.
Corre aí, Tv Record. Ainda dá tempo de mudar esse cenário!