Querido leitor e leitora de Dostoievski, que de vez em quando decide baixar um pouco o nível e ler o que este humilde blog traz. Hoje trago imagens enviadas por leitores do blog e ouvintes da Rádio Lagoa Dourada FM, que mostram um pouco do que virou a Praça da Catedral.
Se você já passou por ali depois das 23h e sentiu que estava entrando num after eterno a céu aberto, saiba que os moradores da região têm sentido isso quase que diariamente. Quem vive por ali não aguenta mais a bagunça generalizada que virou rotina à porta de casa.
Quer entender essa treta?
Segue o fio porque, hoje, um dos mistérios é descobrir quem anda fertilizando as plantas no Centro de PG.
DO BAR À PRAÇA DA BAGUNÇA
Para começar, sim: é legalizado ter “parklets” junto aos bares. Ponta Grossa aprovou a Lei nº 12.466, de 07/04/2016, e o Decreto nº 11.757/2016 regula a instalação e o uso de extensões temporárias de passeio público chamadas parklets. Esses espaços são autorizados, passam por licenciamento, e os responsáveis prometem manter conservação, limpeza e ordem. Lindo! Parabéns!
Só que na região da Catedral, o problema saiu de dentro dos bares e dos parklets para a Praça Marechal Floriano Peixoto. Mesmo quando os bares encerram suas atividades, o momento ‘jovens reunidos sem noção’ permanece.
Algo semelhante ao que acontecia com o famoso ‘bobódromo’ de Ponta Grossa.
E aqui abro parênteses.
O BOBÓDROMO DOS ANOS 2000
Se você morou em PG no começo dos anos 2000, deve se lembrar do “bobódromo”, próximo ao Clube Guarani e ao Instituto de Educação, no Jardim América. (aliás, apelido melhor não poderia haver)
Caminhonetes e carros com alturas absurdas, som ensurdecedor, e amantes escondidos atrás das árvores — tudo isso ao ar livre, principalmente no final das tardes de domingo. Um inferno para quem morava por ali.
Pois digo: o novo bobódromo tem endereço confirmado: Praça da Catedral.
QUEM AGUENTA TANTA BALBÚRDIA?
Conversei com quem mora na região (gente que sabe o que é perder sono, paciência e até o sossego da madruga). A situação está tão caótica que urinar em público virou quase que uma regra. E mais! Quase sempre nas paredes dos edifícios que não podem sair correndo. Sim, a cena é crua: pessoas paradas na calçada, soltando o que tinham para soltar, sob o luar ou ao som de um funk proibidão. Às vezes, inclusive, com uma fiscal de mangueira, como veremos a seguir.
Além disso, brigas espalhadas por amor ou por ressaca. Às vezes os ânimos incendeiam mais do que o álcool consumido. E aí também entram as garrafas quebradas, latas voadoras e os insultos a toda voz. Muito cultural!
Além disso, quem reside por ali precisa conviver com carros estacionados em frente à suas garagens, as bagunças nas lixeiras condominiais, e o desprezo das autoridades quando chamadas para tomarem alguma atitude.
Uma moradora, com veemência, sintetizou ao Blog do Dudu:
– Eu moro em frente à Catedral. Além do barulho, bêbados que jogam garrafas, mendigos que entram onde podem nos espaços de fora de prédios. No meu caso, entram, dormem e fumam nas lixeiras, fazem sujeira entre outras coisas. Chama a Guarda Municipal, eles dificilmente podem vir. Mandam chamar a Assistência Social que vem e vai embora porque não podem levar. É uma bagunça geral sem ter quem ponha ordem!
O desabafo bate na cara da prefeitura e dos promotores de festa urbana: o cidadão que paga IPTU não quer espetáculo, quer paz!
Outro morador pondera uma nuance importante: nem sempre o problema são os bares, que fecham por volta das 23h. O núcleo duro da bagunça surge depois disso!
É quando “jovens” resolvem ocupar a praça, dar aquele grau no som potente que toma toda a caçamba da caminhonete, abrir latas, garrafas e esquecer que estão ao lado de quem deseja apenas dormir.
“Eles vêm comprar bebida na conveniência ou na drinkeria, bebem ali e não vão embora”, disse um dos moradores.
URINAR EM PÚBLICO!
Convenhamos! Dificilmente alguém vai ser autuado por um guarda que mal consegue estacionar a viatura entre um bar lotado e outro, certo?
Enquanto o xixi rola solto, a praça vai perdendo o que tinha de mais básico: o respeito.
E o que deveria ser cartão-postal da cidade, acaba se tornando um cenário de depredação, seja pelo cheiro, pelas imagens ou pela falta de vergonha de quem põe a minhoquinha pra fora, sem consideração nenhuma!
Bom, cá faço um convite a você, caro leitor. E se nós fizéssemos como o “Véio da Havan” — divulgando imagens de quem urinou? É! Assim você pode marcar no Facebook ou no Instagram quem participou do festival “famosos do mijo” e saiu sem, sequer, lavar as mãos.
E dos briguentos? Ah, quanto amor!
E da festança sem hora pra acabar? Aha, uhu! Nós vamos comer caju!
Antes de mais nada, é preciso considerar: a região da Praça da Catedral é uma área residencial. Os prédios existiam antes dos botecos e parklets. Os moradores não pediram palco para showzinho de quem vara a madrugada no gole.
Sim, é um espaço público. Mas espaço público não é estacionamento para ensurdecer vizinhos ou sanitário coletivo. A lei municipal regulamentou os parklets, sim, mas não abriu mão de decência. O respeito à moradia deveria estar na frente de uma caipirinha na calçada ou na praça. Será que o problema é, como diz meu companheiro de bancada de rádio, Marcilio Luiz, “porque é lugar de bacana”?
No final das contas, quem manda em PG? Quem manda na praça? Quem mora na região precisou investir em tampões de ouvidos depois das 23h.
Ah, e a resposta, infelizmente, é: ninguém manda em PG. E é isso que dói!
O Blog do Dudu solicitou à Prefeitura de Ponta Grossa, na sexta-feira (3), uma nota sobre a situação relatada pelos moradores. Até agora: silêncio, mas ainda deixamos o espaço aberto, se alguém quiser explicar o que pode ser feito por ali.






