‘Seu babaca’, dispara deputado Sargento Fahur contra o apresentador Luciano Huck

Olá, querido leitor que torceu para Nicole Bahls na Dança dos Famosos. Lavar a louça que é bom nada, não?

Domingo à noite não deveria ser um dia de crise, não é mesmo? Deixem as crises para segunda-feira, amigos!

 

Aliás, um parêntese aqui: vi o Thiago Moro falando que domingo à noite não é hora para jogo de futebol. E NÃO É MESMO! O domingo à noite foi feito tão e somente para reclamarmos da música final do Fantástico, e não que o Operário quase levou um baile do Vila Nova!

 

Voltando ao que interessa. O apresentador Luciano Huck usou neste domingo, 2, o final do programa dele na TV Globo para desabafar contra a operação policial que aconteceu no Rio de Janeiro na terça-feira, 28.

Um discurso com aquele tom dele, meio de couch motivador tentando consertar o país com um papo de sofá de sogra. Disse estar triste, que é ruim ver o mesmo modelo de segurança pública se repetir há décadas sem resultado, citou números, mães, filhos mortos, sonhos destruídos, e terminou dizendo que acredita na boa polícia.

Tá bom. Não tá errado, não! Tá certo quando diz que, se o Estado não assumir sua responsabilidade e ofertar segurança, educação, saúde e oportunidade, o poder paralelo vai continuar agindo e mandando e desmandando nas comunidades.

 

NÃO É ISSO MESMO?

É SIM!

Mas aí, meu animalzinho de estimação, bastou isso para o inferno das redes sociais abrir a porta dos fundos. Ô glória!

Nesse inferninho aí tá ele! El Bigodón! Louco pra incendiar o quanto puder!

 

SEU BABACA!

O deputado federal e ex-policial rodoviário gravou um vídeo e foi direto: chamou Huck de “babaca”. Disse que os “filhos” dessas mães eram criminosos, assassinos, estupradores, traficantes, e que o apresentador deveria deixar “os vagabundos entrarem na casa dele” pra ver o que acontece.

E esse é o nosso representante no Congresso Nacional. Enquanto um tenta falar de estrutura, o outro responde com insulto. Um fala de políticas públicas, o outro grita sobre fuzis. E no meio desse berro todo, sobra pouco espaço pra pensar em uma solução.

 

TIROTEIO SEM BALA

Luciano Huck não atacou a polícia, muito pelo contrário! Elogiou os bons policiais, os que arriscam a vida e não se vendem para os milicianos, mas temos que concordar que ele tocou num ponto difícil: se há décadas se repete a mesma tática, com operação gigantesca, dezenas de mortos, e o resultado continua o mesmo, será que o erro não tá na receita?

Aí, meu jovem, entramos num ponto mais complicado ainda. Quem levanta esse tipo de questionamento leva a fama de ‘inimigo da polícia’. E estamos aqui falando de dualidade: ou você apoia 100% toda ação policial sem questionar nada ou você é tido como quem “defende bandido”.

 

MAS NÃO TEM UM MEIO-TERMO?

E lá vou eu saber?

Deve ter, sim. Até porque eu, pelo menos, estou nesse meio-termo aí!

É preciso que haja ação policial, SIM! Mas também é preciso que haja ação do Estado na contramão do combate à bala direta. Achar que se resolve violência contando corpos é uma utopia tão grande quanto o bigode do Sargento Fahur. É preciso que o Estado tome tento e quebre o ciclo que transforma jovens em soldados de facção.

 

E COMO FAZ ISSO?

Tipo receita de bolo. Saúde, educação, segurança, assistência social… onde o estado é falho! Até porque o looping é infinito, sempre vai ter alguém pra assumir a responsa quando o chefão cair.

E veja, senhor deputado: ofensa pessoal não está nessa lista!

 

AH, MAS ENTRAR NO CRIME É UMA ESCOLHA!

Realmente, é sim! Entrar no crime é uma escolha. Concordo com você. Mas vem cá… quantas crianças e jovens de 10, 11, 12, 13 anos, você já viu fazerem a escolha certa?

De repente, você que não tem nada, percebe que se entrar para a facção (uma realidade que, provavelmente, você não entenda como funciona) pode ter dentista, médico para a família, segurança pessoal e para seu lar, ter o sentimento de pertencimento a um grupo específico, fora celular de última geração, tênis da moda, roupa de marca e um belo salário.

Você, todo lascado, com escola ruim, família danada, às vezes falta de comida em casa, faz o quê? Assume um lugar na facção, claro!

Ah, mas tem aqueles que fazem a escolha certa.

Tem sim! Mas esses, infelizmente, estão na linha da exceção, e não da regra!

 

E O QUE ISSO TEM A VER?

Nada! Se você chegou até aqui e ainda não entendeu, sugiro que pare e vá assistir ao Chaves.

 

Bem lá no fundo, o que o Luciano Huck disse é o que muita gente sente e tem medo de dizer. O problema do Rio não vai ser resolvido com uns tiros de fuzil e 121 mortes. E não porque o bandido precisa ser poupado, mas porque é utilizado o mesmo método há décadas e não tem funcionado.

Fahurzão, dentro do seu personagem, gravou mais um vídeo para lacrar dentro da bolha. E conseguiu, claro! Tá cheio de palminhas nos comentários.

E você?

Ah, você. Kkk. Você tá no meio do tiroteio, idiota! Pronto para levar um tirambaço de fuzil. Problema é que nessa guerra a gente não precisa de mais bala, precisa de atenção, boa vontade e investimento! E isso tá difícil…

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Sobre o autor

Eduardo Vaz

Eduardo Vaz

Jornalista multimídia e produtor executivo de rádio e tv, com passagens por Band, Grupo Ric, Rede Massa SBT, entre outros meios de comunicação.

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