Um anjo: o inventor do NeoSoro… que quase me matou!

Não, não é fácil ficar gripado. Confesso que temos vivido em casa, mesmo com vacina, um ciclo sem fim de resfriados, gripes, ataques de tosse e tudo o que envolve a época mais gelada do ano. Aliás, mesmo com tudo o que devo comentar neste post, o inverno não deixa de ser a estação mais bonita e a minha preferida. Certa vez o sr. Hialvon, que dirigia uma van que me levava para a escola (final dos anos 90), um senhor muito simpático, puxou papo comigo e falávamos do calor. Aprendi com ele, e desde então repito isso sempre que alguém me diz que prefere torrar no verão, que no inverno, se está frio, coloca-se blusa. Se está mais frio ainda, coloca-se mais e mais blusa. No verão você não tem o que fazer. Sequer ficar como veio ao mundo ajuda alguma coisa. Lição valiosa.

(Nota do editor: um dia ainda vou contar as histórias de quando a van estragava e ele colocava 10 crianças num Voyage 95 para levar pra aula.)

Hoje o papo é sobre a porta de entrada das drogas: o Neosoro. Sempre fui um grande fã deste líquido precioso, ainda quando se chamava Sorine. Não tinha gripe ou tempo ruim. Via uma prima pingando um outro medicamento para rinite alérgica, cinco, seis vezes por hora, e achava que o Neosoro poderia ser igual.

Uma vez levei um amigo para uma gira de umbanda em Curitiba, o Terreiro do Pai Maneco. Era inverno. No caminho, parei em uma farmácia para comprar um vidrinho.

– Opa, também vou descer, preciso abastecer meu estoque – disse.

Descemos, eis que a atendente perguntou o que eu desejava. Pedi um frasco e fechamos a compra. Se virou para o meu amigo ao lado e disse:

– E o senhor? O que deseja?
– Neosoro também. Cinco, por favor.
– CINCO? – exclamei!
– Sim, cinco. Vai durar uma semana. – respondeu naturalmente.

Quase caí de costas, afinal de contas eu já tinha passado por um perrengue com isso.

Indiscutível que é uma delícia quando o efeito do Neosoro tira todo aquele stress deixado pela falta de respiração. O ar vira puro nos pulmões e o resfriado fica de lado. Mas sim, eu evito utilizá-lo. Tenho usado mais do que gostaria, confesso, mas com o verdadeiro cy na mão.

O ano não me lembro. Devia ser 2002, 2003, não mais que isso. Inverno, fase de gripe, fase de neosoro ao lado da cama. Uso contínuo e prolongado. Não sei dizer quanto tempo isso durou. Dias? Semanas? Não faço ideia. Mas era ótimo. Pingava, não sentia mais gripe, e vida que segue. Era o remédio que pedi a Deus.

Certa manhã, acordei com tudo trancado. Mas tudo! Completamente trancado. Não existia respiração nasal. Nem inalar, nem expirar, simplesmente trancado.

– Opa! Vamos de Neosoro!

Pinga algumas gotas. Nada! 15 minutos depois…

– Eita, vamos aumentar a dose.

Pinga novamente. Nada!

– Vamos tentar assoar o nariz.

Nada! Nem pra frente, nem pra trás. Bateu o desespero. Respiração apenas pela boca, narinas completamente trancadas e sem ter o que fazer. Resultado? Hospital!

Não me recordo o que o médico explicou que aconteceu, apenas a sensação desesperadora de não conseguir respirar (nem bem, nem mal, nem mais ou menos, nem pra frente, nem pra trás, nada). Sim, é uma das consequências do uso do Neosoro. Ele me prescreveu uma injeção, tomei, e algumas horas depois a situação começou a se normalizar.

Depois disso, passei uns dois, três anos sem chegar perto de um frasco destes. Hoje ele já me faz companhia de novo. Com muita, mas muita cautela.

Portanto, se você utiliza ele com certa frequência, por favor, interne-se na clínica de reabilitação de dependentes químicos o mais rápido possível. Obrigado, de nada!

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Sobre o autor

Eduardo Vaz

Eduardo Vaz

Jornalista multimídia e produtor executivo de rádio e tv, com passagens por Band, Grupo Ric, Rede Massa SBT, entre outros meios de comunicação.

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