É é sério esse título.
Eu não sei como é o nome deste senhor. Não sei se é pobre, rico, saudável, se possui comorbidades. Se tem família grande, pequena, esposa, filhos, netos, bisnetos. Não sei. Um marido? Por que não? Talvez tenha viajado o mundo, talvez não. Quem sabe tenha conhecido Raul Seixas pessoalmente, quem sabe, não. Um dia hei de parar o carro e perguntar um pouco da história (no dia em que eu não estiver atrasado, possivelmente).
Todas as manhãs, por volta das 8h da manhã, cumprimento este senhor. Passo pelo mesmo local, todos os dias, no mesmo horário. Em Olarias, vindo da Vila Santana, seguindo sentido campo do Olinda. Lá está ele. Quando tem sol, claro. Quando chove, deve se recolher em sua cama. Mas geralmente está na mesma esquina, pelo mesmo período de tempo. A função dele? Cumprimentar os motoristas que por ali passam.
Confesso que nas primeiras vezes achei meio maluco fazer isso. Com o tempo, passei a simpatizar com o senhor e comecei a balançar a cabeça. Depois, não teve jeito. A insistência dele em me cumprimentar todas as manhãs me fez com que eu passasse e também dar com a mão e desejasse bom dia a ele. Hoje acho estranho quando ele não está por ali e, às vezes, eu mesmo tomo a iniciativa de cumprimentá-lo.
Sim. Todos os dias me pergunto: quem tem mais problemas no dia de hoje? Ele ou eu? A resposta é claríssima na minha mente, o que faz com que isso se torne uma meta de vida: ficar parado na esquina cumprimentando motoristas.
Satisfação, senhor, em cumprimentá-lo todas as manhãs. E como diria Truman Burbank:
“E para o caso de não nos vermos mais, Bom Dia, Boa Tarde e Boa Noite.”