A prefeita de Ponta Grossa, Elizabeth Schmidt (União), achou de bom tom entrar no ringue da política nacional. Nesta sexta-feira, 12, a chefe do Executivo postou nas redes sociais uma imagem preta com a provocação “27 anos?” e, no texto, soltou frases contra “excessos” e pedindo orações. Bonito, se fosse um papo no boteco! Mas estamos falando da chefe do Executivo de uma das maiores cidades do Paraná.
E aí fica a pergunta: se uma prefeita começa a plantar dúvida em cima de uma decisão judicial da suprema Corte brasileira, que segurança a população tem de que ela também não vai passar por cima da Justiça quando a bronca bater na porta do Palácio da Ronda?
Aliás, convém lembrar: a própria Elizabeth tentou aumentar o salário dela, do vice e dos secretários. A Justiça barrou. Ela recorreu, perdeu. Está lá, registrado. A questão é que, na rede social, o discurso rende curtida e apoio de alguns malucos que também acreditam que o cumprimento de uma decisão judicial pode ser facultativa – AQUI NÃO, ZÉ!
Bolsonaro caiu em parte porque confundiu governo com palanque, usou máquina pública para atacar instituições e esqueceu que, sim, existiria um ‘after’ da presidência. Foi condenado. Agora, prefeita, é bom tomar cuidado para não repetir o mesmo roteiro em escala municipal. Hoje é um post contra o Supremo; amanhã, quem garante que não seja uma canetada atravessada contra decisão que atrapalhe o aumento do próprio salário?
Política com postagens irônicas podem até dar engajamento e algumas palminhas. Mas quando vem de quem governa, é perigoso, porque a fronteira entre “post de opinião” e “abuso de poder” é muito mais fina do que parece.

