“Calma corno”, disse o taxista

Dirigir no trânsito de Ponta Grossa é uma verdadeira aventura. Esqueça a Big Tower do Beto Carrero World, a Mission Space do Epcot, ou o passeio noturno pela Vila Nova. Nada disso se compara a guiar em meio ao caótico trânsito ponta-grossense.

Em geral as pessoas costumam ser educadas, se não levarmos em conta dedos do meio, buzinadas e uns gritos de “ô viado!”. Ontem mesmo um senhor com uma caminhonete branca me cercou por duas ou três quadras querendo falar comigo. Quando parou ao meu lado (na contramão) e buzinou gesticulando, pensei comigo: “Puta merda, vai me encher o saco”. Não sou um exímio motorista, confesso. Mas isso por falta de desejo e cuidado. Detesto dirigir. No final, queria apenas me informar que meu pneu traseiro estava no chão. Um belo de um parafuso de construção!

Tirando isso, é perfeitamente possível escolher o melhor caminho para seguir. Sempre há duas opções: o buraco gigante, ou dois ou três buracos menores. A escolha é do freguês. Foi uma boa promessa de campanha, afirmar que 100% da cidade receberia asfalto. Quem acreditou pode esperar o Papai Noel neste dia 24 de dezembro, com sua meia em mãos aguardando o presente.

Há uma coisa da qual não podemos nos queixar: os congestionamentos. Nada tão caótico como São Paulo, que beira os seus 200 km em uma sexta-feira, fim de tarde, de feriado prolongado. Por aqui, somente um ou dois km. Pouca coisa. Enquanto os paulistanos levam uma ou duas horas pra rodar 100 km no congestionamento, por aqui levamos uma ou duas horas para rodar dois km. Então não há do que reclamar.

Nesta sexta-feira, enquanto fazia um trabalho na rua, me deparei com esse poeta taxista. “Calma corno” me chamou a atenção por dois aspectos: o primeiro por supor que quem esteja atrás dele seja um homem. Afinal, “corno” é um substantivo masculino. O segundo é a falta da vírgula entre o pedido de calma e a indicação adjetiva de chifrudo.

Não me leve a mal (leve-me ao La Gôndola). Amo morar em Ponta Grossa e tive que aprender a rir das lombadas embaixo dos sinaleiros e do radar de 40 km/h na subida da Rua Londrina (pra quê?). Não tenho nada contra os taxistas, afinal, sequer me lembro a última vez que andei em um táxi. Por fim, os cornos. Não serei eu aquele que falarás mal de um possível semelhante.

De resto, mão na buzina, dedo na seta e grito na garganta: “Ô porra!”.

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Sobre o autor

Eduardo Vaz

Eduardo Vaz

Jornalista multimídia e produtor executivo de rádio e tv, com passagens por Band, Grupo Ric, Rede Massa SBT, entre outros meios de comunicação.

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