Juiz que cutucou a Lava Jato é investigado por furto de garrafas de champanhe

Olá, querido leitor, que costuma passar seu possante em lava a jato.

O que dizer sobre essa história do juiz Eduardo Appio que está sendo acusado de ter furtado uma garrafa de champagne? Eu hein! Parece coisa de roteiro ruim de série jurídica.

Sinceramente? Devo confessar! Não acredito que tenha sido ele. Pode ter mil explicações aí no meio, e é claro que tudo precisa ser investigado direitinho, mas algo não fecha. Um magistrado que cutucou os donos da Lava Jato, que bancou brigas grandes dentro do próprio sistema, ia se arriscar por duas Möet&Chandon?

Me desculpa, mas não consigo conceber. Isso tá mais com cara de mal entendido do que de “caso policial”.

Segue a reportagem do Estadão abaixo.

JUIZ QUE DETONOU MORO, DELTAN E A LAVA JATO É ALVO DE INVESTIGAÇÃO SOBRE FURTO DE CHAMPANHE FRANCESA

O juiz federal Eduardo Appio, que detonou a Operação Lava Jato e lançou severas suspeitas sobre a atuação do ex-juiz Sérgio Moro e do ex-procurador da República Deltan Dallagnol – artífices da investigação que derrubou sólido esquema de corrupção e cartel na Petrobras (2003/2014) – é citado em uma ocorrência policial insólita, na qual ele próprio é o alvo por um furto de duas garrafas de champanhe francesa Möet&Chandon em um supermercado de Blumenau, Santa Catarina.

‘Não sei de nada’, disse Appio ao Estadão. “Meu advogado vai explicar esse mal entendido.”

O Estadão apurou que a descrição física do suspeito não confere com as do magistrado. Mas o carro usado pelo homem que pegou as garrafas, um Jeep Compass, pertence a Eduardo Appio.

O juiz será investigado no âmbito de um procedimento disciplinar conduzido pela Corregedoria do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), sediado em Porto Alegre. O caso ocorreu no dia 4 de outubro, segundo consta do registro da Polícia Civil de Santa Catarina.

Cada garrafa de Möet&Chandon pode custar até R$ 500.

O TRF4 informou que ‘não se manifestará por ora’. O Estadão apurou que a Polícia Civil de Santa Catarina oficiou a Corte nesta quinta (23) comunicando os detalhes da ocorrência. “Os procedimentos cabíveis serão feitos, mas sob sigilo por se tratar de magistrado”, destacou o Tribunal.

O boletim de ocorrência da Polícia indica que o autor do furto é descrito por um segurança do supermercado como ‘um senhor com idade aproximada de 72 anos, que utiliza óculos, estatura aproximada de 1,76 metros’. Os dados não conferem com os de Appio.

O que põe o magistrado na cena do crime é que o homem que se apoderou da bebida saiu do supermercado dirigindo um Jeep Compass Longitude D placas RCU7G18, cujo proprietário é Eduardo Appio.

Sucessor de Moro

Eduardo Appio se notabilizou quando assumiu a cadeira do ex-juiz Sérgio Moro, hoje senador, na 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, berço da Operação Lava Jato.

Ele herdou ações remanescentes da operação que ainda não havia sido dizimada pelo Supremo Tribunal Federal. Em meio à condução de processos envolvendo alvos da Lava Jato, Appio fez acusações graves aos trabalhos de Moro e também do então procurador da República Deltan Dallagnol.

Escreveu, então, o livro ‘Tudo por dinheiro: a ganância da Lava Jato’.

“Eu mal tinha tempo de realizar as muitas audiências”, narra no livro. “Os lavajatistas operam no TRF da 4.ª Região como uma verdadeira rede, quase como uma organização criminosa.”

O Tribunal Regional Federal da 4.ª Região funcionou como a Corte de apelação da Lava Jato. Os recursos contra as decisões emanadas da 13.ª Vara de Curitiba tinham como destino o TRF-4.

A obra é uma mistura de passagens biográficas, anedotas, relatos de bastidores e análises do sistema de Justiça, especialmente sobre os métodos da Operação Lava Jato.

Eduardo Appio nunca escondeu que discorda da forma como a investigação foi conduzida. As críticas atravessam toda a obra, acompanhadas de comentários sobre momentos-chave da operação.

Um capítulo inteiro é reservado a Moro, o protagonista da Lava Jato. Esse trecho é intitulado “Como Moro politizou o Judiciário”. Os comentários endereçam desde as camisas pretas que o ex-juiz tinha o hábito de usar até sua tese de doutorado.

Em uma passagem, Eduardo Appio relembra que, ao assumir a cadeira de titular da 13.ª Vara de Curitiba, teve enorme dificuldade de se localizar no acervo de processos: “De um ponto de vista objetivo, Sérgio Moro, sem dúvida, é o pior gestor que conheci. Em vez de dar alguma organicidade aos processos, ele criou um verdadeiro cipoal, em que juízes, advogados, assessores, que fossem, se perdiam. Isso parece ter sido feito de forma dolosa, para atender a interesses pessoais.”

Procurado pelo Estadão, na ocasião do lançamento do livro, o senador afirmou que a opinião de Eduardo Appio ‘não tem credibilidade’. Segundo Moro, seu desafeto tem ‘um comportamento extravagante que revela no mínimo falta de caráter e desequilíbrio mental’.

com informações do Estadão

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Sobre o autor

Eduardo Vaz

Eduardo Vaz

Jornalista multimídia e produtor executivo de rádio e tv, com passagens por Band, Grupo Ric, Rede Massa SBT, entre outros meios de comunicação.

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