Meu Encontro com Deus

O ano era 2013. Coincidentemente, ou não, 10 anos atrás.

Fui batizado na igreja católica mas sempre tive uma repulsa em ir à missas, o que deixava minha avó de cabelo em pé. Era uma alegria pra ela quando eu ia a missas. Para mim, uma tortura. Tanto que nunca fiz catequese ou primeira comunhão. O motivo? Eu corria pra longe quando surgia essa conversa. Tipo satanás fugindo da cruz. Dessa forma, cresci sem compreensão do catolicismo. Não ficou enraizado em mim, como acontece com muita gente. Para casar na igreja (sonho da minha esposa), não foi fácil sem a comunhão. Por fim, tinha o batismo, que acabou bastando após muita negociação.

Mas em 2013 passei a sentir a necessidade de me conectar com Deus de alguma maneira. Não sabia como, apenas senti a necessidade imediata. Bem… primeiros passos. Vamos lá! Tentei ir em uma missa. Me senti mal, que não pertencia àquele lugar. Não era pra mim. Tentei ir em duas igrejas evangélicas, afinal de contas, se ajuda tanta gente, por que cargas d’água não serviria também para mim? Pior ainda! Em ambas – diferentes – saí na primeira metade do culto. Confesso que o sentimento foi de enganação.

Uns 10 anos antes disso, uma prima, uma vez, havia me levado em um centro espírita, em uma sessão de mesa branca – fechada. Tive medo da senhora incorporada e, me lembro como se fosse ontem: eu, sentado na plateia, com outras duas primas, e a entidade olha pra mim e agradece a presença e pergunta o que estou sentindo. Bem… eu estava, não-literalmente, me cagando, afinal, sempre tive medo de espíritos (olha só o sinal). Mas minha retórica foi boa.

– “Estou sentindo gratidão por estar sendo recebido aqui nesse ambiente, com uma energia tão boa.” – disse eu.

Quem me dera… Se tivesse ido de fralda, naquele dia, sem dúvidas precisaria trocar. Bem… apesar dos pesares, isso me gerou curiosidade. Sempre quis voltar a uma sessão daquelas. E não adianta, quando é pra ser, o destino encontra uma maneira de chegar até nós.

Então, após tentativas nas igrejas, passei a buscar um Centro Espírita. Fui em alguns. Em nenhum deles me senti acolhido. Parecia algo somente deles, interno. Algo do qual eu não fazia parte. Com os passes, não sentia nada, absolutamente nenhuma mudança ou evolução. Concluí que também não era pra mim. O que fazer, então?

Neste ano trabalhava em uma emissora de tv. E, para o programa, havia convidado uma cartomante que tinha conhecido há dois anos, em meu último dia de trabalho em uma rádio. Naquele dia, na rádio, pedi para ela ver o meu futuro. Ela tirou as cartas e me disse: “Vai falar comigo lá na minha casa…” . Eu fui. Nos tornamos amigos. Fui várias vezes. Acabou se tornando uma confidente. Uma pessoa maravilhosa, com uma luz incrível e que ainda me orientava sobre o que estava por vir. Naquele dia na tv, contei pra ela que estava em busca de uma religião, um encontro com Deus, mas que não estava tendo sucesso na busca. Ela me convidou. “Hoje à noite vou fazer uma gira de umbanda lá em casa. Se quiser ir, está convidado.”

– “Claro, por que não?” – respondi.

Mas… umbanda? Macumba? Caraca… nunca me imaginei em uma religião com referências africanas. Nem fazia ideia como funcionava. Porém, pra quem não estava se encontrando, era mais um teste sem compromisso. Fui…

Foi uma experiência que eu só consigo descrever como um abraço caloroso de quem eu não via há muito tempo. De coração! Um abraço de verdade. Me senti acolhido, querido, bem-vindo. Era o que eu buscava. Uma religião envolvendo a espiritualidade e o bem-querer do próximo. Vovó Chica… primeira entidade que me recebeu. Uma preta-velha sem igual.

Passei a frequentar todas as giras – pequenas! – naquele local. Passei a estudar a umbanda, entender que a macumba não necessariamente é negativa, como o imaginário popular pinta. Meu Deus virou Olorum. Jesus passou a se chamar Oxalá. Comecei a entender as sete linhas. Conhecer as histórias e características de Iemanjá, Oxum, Iansã, Xangô, Ogum e Oxóssi. Entender as entidades e o que cada uma reflete. Conhecer Exu e Pomba-Gira, entendendo que aquilo não é a representação do capeta, mas sim guardiões na esfera terrestre. Caboclos, boiadeiros, erês… enfim. Todo um universo mágico que transformou o meu conceito religioso em estilo de vida. Passei a acender velas e fazer oferendas. Por que eles precisam? Não… porque meu coração manda fazer assim.

E foi assim que me tornei umbandista de corpo e alma. Zeca Pagodinho canta em Ogum: “Sim, vou no terreiro pra bater o meu tambor. Bato cabeça, firmo ponto, sim senhor. Eu canto pra Ogum!”

Obviamente essa história não termina aqui. Tenho muito ainda a compartilhar da umbanda com todos vocês. Mas por hoje, fica meu conselho: se você está precisando, buscando um encontro com Deus, tenha a mente aberta e não deixe de tentar a umbanda. Mudou a minha vida toda!

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Sobre o autor

Eduardo Vaz

Eduardo Vaz

Jornalista multimídia e produtor executivo de rádio e tv, com passagens por Band, Grupo Ric, Rede Massa SBT, entre outros meios de comunicação.

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