O homem que nem os coveiros quiseram enterrar

Li essa história na página A História Esquecida.

Fui buscar confirmações do caso na internet e encontrei diversas reportagens da Folha sobre o caso.

Impressionante! Não conhecia o caso e fiquei chocado.
Confira!

O homem que nem os coveiros quiseram enterrar

O quão ruim você teve que ser em vida para que até mesmo os coveiros se recusem a cavar a sua cova? Isso aconteceu no Rio de Janeiro em 2001.

O sol castigava o Cemitério do Caju, e lá estava um caixão que ninguém queria tocar. Dentro dele, Marcelo Melo Gonçalves dos Santos, homem que fizera coisas que a sociedade inteira preferia esquecer, ou, melhor dizendo, não podia aceitar.

Marcelo e dois comparsas invadiram uma casa em Santa Teresa, bairro antigo. Lá tiraram a vida de uma fonoaudióloga e de sua filha, de treze anos.

Ele e mais dois homens invadiram a casa, amarraram mãe e filha, violentaram as duas e as mataram com facas de cozinha.

A própria esposa de Marcelo, incapaz de conviver com tamanha monstruosidade, não hesitou: denunciou-o.

Preso na Polinter a temida Divisão de Capturas da Polícia Civil, Marcelo não resistiu. Oficialmente, morreu enforcado em sua cela, ele teria tirado a própria vida. Circulavam boatos de que até os criminosos dentro da prisão, mesmo acostumados ao sangue, se recusaram a aceitar tamanha barbárie. Mas nada disso foi confirmado.

Quando o corpo chegou ao Caju, veio o último ato: os coveiros se recusaram a abrir a cova. Nem sob ameaça de demissão. Precisou-se chamar gente de outro cemitério para cumprir o trabalho. Enquanto isso, o cadáver ficou ao sol por horas, rejeitado pelo mundo, como se até a terra quisesse dizer “não hoje”.

Tudo isso ocorreu em um Brasil urbano, nos primeiros anos do século XXI, que vivia seus 40 mil homicídios anuais, superlotação carcerária e uma sensação de justiça que muitas vezes era mais imaginária do que real, e mesmo assim esse tipo de violência e sadismo não foi aceito.

No fim o caso de Marcelo tornou-se emblemático: não apenas pelo crime em si, mas pela reação de todos à volta, dos criminosos à população, até aos que enterram os mortos.

A fotografia de Antonio Gaudério registrou o instante emblemático de uma sociedade que não aceitou a barbárie.
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Sobre o autor

Eduardo Vaz

Eduardo Vaz

Jornalista multimídia e produtor executivo de rádio e tv, com passagens por Band, Grupo Ric, Rede Massa SBT, entre outros meios de comunicação.

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