O que o Governo do Paraná tem a esconder do monstro do jornalismo?

Essa é a pergunta que me fiz na terça-feira, e, coincidentemente hoje, precisei me questionar novamente: o que será que há de tão errado para que dois órgãos importantes do Governo do Paraná prefiram se calar?

 

EXPLICO!

Nesta semana, solicitei, via assessoria de imprensa, uma entrevista na rádio com o presidente da Agepar – Agência Reguladora do Paraná – Rubens Bueno, político da velha guarda, para falarmos um pouco sobre a função da agência e, claro, toda a polêmica da não-fiscalização do contrato da Sanepar em Ponta Grossa.

Espantado fiquei quando, muito solicitamente, o assessor me informou que, após verificação, poderia indicar outros nomes que poderiam ser entrevistados, uma vez que o presidente não concede entrevistas – nem pra nós, nem pra ninguém.

Ora, veja bem… estamos falando de Rubens Bueno. Sim, aquele Rubens Bueno que você já ouviu falar: político rodado, com décadas de estrada, ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-prefeito, ex-candidato ao governo. Um nome conhecido até por quem só acompanha política pelas manchetes. E agora, no comando da Agepar, decidiu que não fala mais com a imprensa.

A justificativa? Nenhuma. Apenas que ele não dá entrevistas. Simples assim.

Curioso é que ele não está aposentado e nem em férias. Muito pelo contrário. Está ali, firme e forte, nomeado em cargo de confiança dentro do governo estadual, e com um salário que ultrapassa os R$ 30 mil brutos por mês, segundo o Portal da Transparência — pagos, claro, com o dinheiro público. Mas quando chega a hora de se explicar, de prestar contas, de encarar um microfone e falar com a população… silêncio.

Justo agora, quando a atuação da Agepar está sendo contestada por suposta omissão num contrato bilionário com a Sanepar em Ponta Grossa.

Desculpem, mas isso não é normal. É um desprezo calculado pela transparência porque, convenhamos, quem está em cargo público deve explicações. Não é favor, é dever.

Mas calma… continua!

 

EXPLICO II!

Da mesma maneira, via assessoria de imprensa, convidei alguém do Instituto Água e Terra (IAT-PR) para um bate-papo na rádio sobre as fiscalizações dos postos de combustíveis em Ponta Grossa. Algo realmente informativo, falar sobre como são feitas as fiscalizações, quais critérios o consumidor deve ficar atento na hora de abastecer o carro, quais as infrações mais comuns e as penas mais aplicadas.

Novamente, queixo caído! “Infelizmente não vamos conseguir atender no formato pedido. Mas, se quiser mandar as perguntas, o pessoal grava e eu te encaminho.”, a resposta da assessoria.

Aí eu respiro e, com toda a paciência que me resta, pergunto: o que pode assustar tanto, assim, dessa maneira, em uma entrevista ao vivo, informativa? Um papo franco sobre fiscalização ambiental e controle de qualidade em postos de combustíveis. Algo que, honestamente, deveria ser amplamente divulgado e não varrido para debaixo do tapete atrás de notas técnicas ou respostas gravadas e engessadas.

Quando foi que a comunicação entre o serviço público e a sociedade virou um teatro tão ensaiado? Desde quando um agente público precisa de roteiro, edição e controle absoluto de uma narrativa pra falar sobre o próprio trabalho?

 

TERIA RELAÇÃO COM A CAMPANHA À PRESIDÊNCIA?

Essa tentativa do uso de melindres técnicos me deixa com a impressão de uma certa blindagem, e aí passo a alimentar uma pulguinha atrás da orelha que a possibilidade de uma campanha à Presidência da República, no ano que vem, tem feito com que o governador Ratinho Junior tenha sugerido aos órgãos públicos uma menor exposição à imprensa.

Ou estou errado? Seria uma grande coincidência?

Mistério!

 

capa: criada com IA

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Sobre o autor

Eduardo Vaz

Eduardo Vaz

Jornalista multimídia e produtor executivo de rádio e tv, com passagens por Band, Grupo Ric, Rede Massa SBT, entre outros meios de comunicação.

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