Bem… parei para ler a reportagem da Folha com a Regina Duarte, publicada nesta terça-feira, 14. Nem posso dizer que fiquei espantado com algumas coisas ditas pela ex-namoradinha do Brasil (aliás, o que seria isso?).
Sempre admirei o trabalho da Regina Duarte. Apesar disso, é preciso refletir que este sempre foi um grande problema de todos nós: admirar aquilo que a gente entende ou imagina como verdadeiro, o que se vê das telas pra dentro de casa. Roque Santeiro assisti no Vale a Pena Ver de Novo quando era criança. Novela maravilhosa, uma história incrível do Dias Gomes que nunca mais terá na tv. Não me lembro de ter assistido ‘Rainha da Sucata’ ou ‘História de Amor’. Já ‘Por Amor’, caramba! Que história de mãe e filha… Chiquinha Gonzaga foi na mesma vibe, de mãe e filha. Depois disso, não me lembro de mais nada. Apenas da Nazaré Tedesco! Mas sim, era uma admiração de alguém que nós, mortais, não conhecíamos. As redes sociais mudaram isso radicalmente.
A atriz deixou a TV Globo para assumir um posto no setor de Cultura do Governo Bolsonaro. E, não! Não acredito que a decisão tenha sido tomada em um impulso ou de maneira equivocada. Era um momento em que a TV Globo estava dispensando todos seus grandes figurões – Tarcísio Meira, Antonio Fagundes, Stênio Garcia, e por aí vai. Era uma oportunidade de continuar atuando no setor cultural. Pena que ela escolheu o lado da admiração política ao invés da sensatez e mangas arregaçadas que o cargo exigia. Bolsonaro nunca foi a favor da cultura. Com Regina Duarte tomando a frente, que diferença isso poderia fazer? Nenhuma. E não fez. Não completou 100 dias no cargo.
Mas alguns pontos nessa entrevista à Folha me chamaram atenção. Diz Regina o seguinte:
Você combina uma coisa com um representante da imprensa brasileira, no caso aí, citando a minha entrevista com a CNN brasileira, que manda dez perguntas e, na quarta, ela inverte totalmente a entrevista. Depois da quarta pergunta, eu sou entregue a improvisações as mais inesperadas, inclusive colega minha me mandando recado.
Meu amigo! Como é que alguém que trabalha com a mídia pode esperar que um jornalista respeitado, como é o caso do Daniel Adjuto, ficará somente nas perguntas combinadas e ensaiadas? Sim, muitos fazem isso, mas a essência do jornalismo é perguntar, questionar, fuçar, ir em busca daquela resposta que ninguém tem. Se não estava pronta pra responder quaisquer perguntas, não deveria ter ido. Um papelão completo!
Diz também:
Eu gostaria muito de fazer uma novela evangélica na Record, eu gosto daquelas histórias, sou fascinada por aquilo, e eu sinto que não sou só eu. Muita gente gosta.
Recado bem enviado ao sr. Edir Macedo e sua filha Cristiane, a toda poderosa da Record. Aliás, ambos apoiadores ferrenhos, com sua legião, do ex-presidente Bolsonaro. Prefiro me abster deste comentário. Mas ela segue…
Quem acha que a Regina pode agregar alguma coisa são os bolsonaristas, que estão comigo. A partir do momento em que eu declarei meu voto, eu saí de 700 mil seguidores para 1,5 milhão. Eu mais que dobrei, aí eu vi que não estou sozinha. Se a classe não quer ficar comigo, é problema dela, tem todo o direito. Eu não estou sozinha, estou super bem acompanhada por pessoas que têm os mesmos valores que eu, família, religião, coisas que dão estrutura, que dão raiz à árvore que a gente é.
Caramba. “Pessoas que têm os mesmos valores que eu”. Puxa vida! Se tudo o que está aparecendo da podridão envolvendo a família não a faz perceber que o conceito ‘Deus, Pátria e Família’ era uma grande fachada política, é preciso trocar o remédio desta senhora.
Mas tem um questionamento interessante que ela faz.
Muitas vezes eu fui defenestrada, eu tenho sido muito defenestrada, por algumas pessoas porque elas não gostam do Bolsonaro. E eu não posso gostar? Elas querem me impedir de ser bolsonarista? É essa a ideia? Não é um tanto agressivamente ditatorial? Essa é a pergunta que fica no ar. Quer dizer que essas pessoas querem uma ditadura? Querem também serem proibidas de fazer escolhas livres?
De fato! Pode sim, gostar do ex-presidente. Não há problema nenhum. Ela tem razão, é livre para fazer suas escolhas. Meu questionamento aqui é sobre NÓS acharmos que conhecemos uma pessoa e descobrir que ela faz parte de um clã que opta por fechar os olhos à realidade que se escancara a sua frente.
Não, caro leitor. Não existe manipulação da mídia para rebaixar a credibilidade da família Bolsonaro. Não há necessidade. Isso sempre esteve a vista. O que surge agora são apenas fatos escondidos por muitos durante os quatro anos de presidência. Apenas isso. Mauro Cid que o diga…
É apenas uma opinião. Talvez quem precise trocar o remédio seja eu.
A entrevista completa pode ser lida no link https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2023/11/artistas-fizeram-bem-em-se-afastar-de-mim-virei-persona-non-grata-diz-regina-duarte.shtml