Uma quarta-feira em que o jornalista deu lugar ao pai

Ontem, pela primeira vez na vida, o jornalista ficou de lado e eu me permiti sentir uma reportagem como pai. O ataque à creche em Blumenau me pegou de jeito, devo confessar. Pai de um bebê de 4 meses, me coloquei no lugar daqueles que estavam tendo a vida mudada bruscamente por um alucinado. Não consegui acompanhar as notícias. Ou melhor, preferi me ausentar os detalhes, apesar de fazer parte da profissão. Tive vontade de abraçar os colegas que ali estavam fazendo seu trabalho – muitos não seguraram a emoção no ar. Somos humanos. Aqueles que não sentiram a dor, por favor, procurem terapia com urgência.

Mas o texto de hoje é para falar sobre a importante mudança de política editorial que grandes veículos tiveram nesta quarta-feira, 05 de abril. Puxada pelo Estadão (a quem eu devo reconhecer essa importante contribuição com o jornalismo brasileiro – foto), e seguida pelo Grupo Globo, Band, outras emissoras de tv, rádios e uma série de outros órgãos de imprensa, ninguém há de discordar da decisão. Um assassino, crápula, maluco de pedra, não merece atenção de ninguém. Não me atrevo a julgar qual seria a pena adequada, até porque quem irá cumprir pena mesmo para o resto da vida são essas famílias, mas qualquer que seja ainda será pequena perto do crime. Vi ontem uma jornalista comentando a respeito de que “se você tem problema com crianças, resolva com os pais delas” e não pude deixar de concordar. Onde trabalho, já não fizemos isso – antes mesmo das novas políticas ganharem mídia. Não divulgamos quem era! Não divulgaremos. Ao contrário dos concorrentes que buscaram clicks, decidimos que NÃO! (até mesmo o vídeo do ônibus com alunos da Apae sendo atingido por um trem no Paraná optamos por não divulgar) A concorrência não nos pauta, graças a Deus!

A quarta-feira pegou de jeito. Cheguei em casa apenas com o desejo de abraçar e brincar com meu filho. Agradeci a Deus pela oportunidade. Chorei e rezei com fé para que acalme o coração dessas famílias. A profissão é sagrada, mas as vezes também é preciso se permitir SENTIR para poder mudar o mundo!

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Sobre o autor

Eduardo Vaz

Eduardo Vaz

Jornalista multimídia e produtor executivo de rádio e tv, com passagens por Band, Grupo Ric, Rede Massa SBT, entre outros meios de comunicação.

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